terça-feira, 6 de novembro de 2007

Estradas privatizadas???

Na minha óptica de democracia, entendo que um estado ideal deve dar espaço para que o mercado liberal funcione segundo as regras de mercado livre.

No entanto, um estado democrático e justo não pode demarcar-se de algumas responsabilidades sociais, em troca da cobrança de impostos que suportem igualmente a sua sustentação.
Concretamente, penso ser da responsabilidade desse estado, um sistema nacional de saúde que seja digno e eficaz; um sistema de acção social que assegure um mínimo de dignidade social aos menos abastados; um sistema de educação que projecte a sua população para as novas necessidades de um globo em constante mutação; e finalmente, um sistema de infra-estruturas de mobilidade adaptadas também a essa nova realidade.

Na área da mobilidade, temos por um lado, a necessidade de uma boa rede de transportes públicos que assegure a igualdade de oportunidades no acesso à mobilidade e que seja uma oportunidade de contribuir para a melhoria ambiental; por outro, temos a necessidade de o estado assegurar uma boa rede de estradas que assegure igualmente esse acesso à mobilidade, sem que isso seja uma forma de discriminação social.

Quero com isto dizer que considero perfeitamente racional a existência de uma rede de vias de alta-velocidade (Auto-Estradas) que sejam pagas por quem prefere rapidez e comodidade, mas sempre como alternativa a uma rede de estradas digna e livre, sem discriminações sociais.
Veja-se o estado a que chegou hoje a Nacional 1, que mais não é do que o conjunto de pequenos troços municipais intercalados por múltiplas rotundas, tendo assim a A1 deixado de ser uma alternativa à N1, mas sim a única via possível para ligar Lisboa ao Porto.

Por tudo isto, penso que entregar a exploração das estradas a uma empresa que não seja totalmente estatal, e que ainda por cima, pode vir a aplicar portagens em vias que mais não são que as substitutas actuais às Estradas Nacionais, será um atentado à democracia e ao direito à igualdade de oportunidades.

Porque não sou um militante cego, surdo e mudo, este governo que tenho defendido em tantas áreas ou acções, contará com a minha oposição quer nesta meteria, quer na gestão dos Centros de Saúde, onde só se pense na questão económica e se feche os olhos à obrigação social de um estado democrático.
Rui Viana

7 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rui Viana
Acabou de subir alguns pontos na minha consideração, pois o facto de ser socialista e não se importar de discordar das posições do seu governo, demonstra personalidade. Faz falta um pouco disso mesmo a alguns senhores do seu partido. Capacidade de pensarem por si mesmos e não serem apenas marionetas de representação do partido. A política tinha muito a ganhar e o nosso concelho também, se algumas pessoas demonstrassem as suas ideias em vez de expressar apenas a voz dos seus partidos, quantas vezes apenas com interesses corporativistas.

Anónimo disse...

Nesse aspecto, nada a dizer da CDU. Podemos ir até ao Cabo ou a Azeitão sem pagar portagem.
Obrigado, ti Aguste.
Mas nunca fiando, porque eles estão tão agarrados ao poder que já há quem lhes chame SCUT, Só Comunas Usam Tachos.

Anónimo disse...

Parece que os tachos já não são só para comunas. Já não eram, mas agora estão a revelar-se. Dentro de dias vai saber-se de um vereador que se tresmalhou do rebanho e vendeu-se em troca de um carrito e um ordenado, para não ter que voltar para o emprego menor que tinha antes.

Anónimo disse...

Um? Sei de pelo menos três.

Rui Viana disse...

Ao anónimo das 11.22
Agradeço a consideração. Obviamente que quando se faz parte de um partido, deve aceitar-se democráticamente a opinião de todos os militantes e a partir daí tomar posições em representação do partido. Daí que muitas vezes se confunda sentido de representatividade com falta de personalidade. No entanto, porque apesar de militante não represento o governo, senti que podia e devia expressar a minha opinião na minha página pessoal.
Uma vez mais, muito obrigado pela consideração.

Anónimo disse...

Hoje houve reunião de camara e o vereador Gameiro do PS e o vereador Carlos Filipe do PSD votaram tudo a favor da CDU. Os outros vereadores do PS votaram algumas coisas contra a CDU. Agora a piada das piadas: O presidente da camara recusa aceitar a moção de censura de que foi alvo na assembleia municipal e que foi aprovada, como se lhe fosse possivel aceitar ou não uma censura. Este homem não existe.

Anónimo disse...

Senhor Rui.
Isto está a aquecer.
A última sessão de Câmara foi o principio do fim do Pólvora.
Lá se vão uns assessoritos e alguns ordenados de vereadores..
Espero que a situação mude mesmo.
Sesimbra bem precisa.