quarta-feira, 26 de setembro de 2007

POLITICA, GESTÃO ou DEMAGOGIA

Com a transferência de novas responsabilidades do governo para as autarquias, nomeadamente todo o parque escolar, parque de saúde, e acção social, aumenta também as responsabilidades dos munícipes na escolha das equipas autárquicas. Com estas novas áreas a seu cargo, essas equipas terão de ter uma capacidade acrescida ao nível de gestão, pois agora os erros de condução da actividade concelhia passam a pagar-se mais caro, quer do ponto de vista da qualidade de vida dos cidadãos, quer do ponto de vista financeiro das autarquias.
Com estas novas competências vem também uma fatia de dinheiro substancial, conforme previsto na nova Lei das Finanças Locais (apesar de as autarquias comunistas com a sua forma pouco séria de falar à população, a que de resto já nos habituaram, gritarem para o ar que querem dinheiro junto com a passagem de responsabilidades, como se isso não estivesse já legislado). Embora o dinheiro para estas áreas venha em separado, é preciso ter muito cuidado com a forma como ele vai ser aplicado, pois se até aqui as autarquias nos “brindavam” com mais ou menos áreas verdes e/ou blocos de betão, e mais ou menos esgotos, agora estão em causa os centros médicos, as escolas, os lares e creches publicas. Enfim, coisas que tocam de forma ainda mais directa o nosso quotidiano.
E se o leitor estiver a pensar que estou a ser dramático, dou-lhe já um exemplo de má gestão dos dinheiros autárquicos (no fundo, dos nossos dinheiros): O “grandioso” Orçamento Participativo que o nosso executivo camarário decidiu dinamizar. Dar voz directa à população, considero obviamente um louvável exercício de democracia. Mas meus caros leitores, estão a servir-nos um embuste em bandeja dourada, ainda por cima com o nosso dinheiro.
Repare-se que o budget reservado para este Orçamento, dá um valor a cada aldeia ou bairro que na prática não chega para realizar nada, e no limite a decisão da aplicação fica reservada à Câmara e à Assembleia Municipal. Por exemplo, as Pedreiras com 6.000 euros nem um chafariz põem a deitar água. Por outro lado, atente-se no óbvio interesse que a Câmara tinha em que a informação chegasse a cada munícipe, que decidiu investir num mailing distribuído na casa de cada um, que há-de ter custado umas dezenas de milhares de euros. Tudo para nos dizer que podemos aplicar aquela verba (ou deverei dizer, aqueles trocados) no que mais desejar-mos para a nossa aldeia ou bairro. Mas porque o executivo não tinha a certeza de que vamos todos dormir a casa, decidiu informar-nos também através de outdoors (mais umas dezenas de milhares de euros). Mas porque também podemos ter falta de vista, investiram também em carros de som, tipo chegada do Circo (mais uns quantos milhares de euros). Finalmente, porque não é fácil gerir os 12.000 euros com que a minha aldeia vai dar o salto para o futuro, a Câmara contratou um assessor (que por mera coincidência, é militante da CDU e será uma pessoa isenta porque nem sequer é do concelho) a troco de mais uns milhares de euros por mês, para organizar todo este difícil processo chamado “Orçamento PARTICIPATIVO”. Tudo isto, repito, com o “nosso” dinheiro.
Espero que percebam a responsabilidade que temos nas mãos quando voltarmos às urnas para escolher os gestores do “nosso” dinheiro concelhio, agora acrescido da fatia para a Saúde, Educação e Acção Social.
Rui Viana
(Este post foi escrito há 3 meses atrás e não foi publicado, mas por se manter a actualidade dos assuntos em causa decidi publicá-lo agora)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Sesimbra à deriva

Sesimbra é neste momento um “barco sem vela nem bússola” que precisa urgente de uma remodelação que inclua um GPS e um motor ecológico, ou seja, um passo decidido em direcção ao futuro.
O actual executivo camarário tem afinado o diapasão pelas acções demagógicas, mas até essas são feitas por impulso e mal executadas. Sente-se que não há a preocupação de construir um projecto de fundo e os actos do dia-a-dia são realizados ao sabor do vento, sem ponderação profunda, sem estudo aturado.
Sesimbra precisa de um projecto de longo-prazo que adapte a identidade do seu passado a um presente com novas necessidades e acima de tudo, um futuro com uma nova dinâmica quer cultural, quer económica, que obviamente resultarão numa melhoria das condições sociais, sendo esse no fundo, o objectivo maior das nossas vivências.
Alguns projectos sociais privados estão na forja, mas isolados não conseguem accionar o motor de arranque do desenvolvimento.
Assim, urge criar um grande movimento de debate que envolva os vários sectores da sociedade, com vista ao estudo e construção de um plano de desenvolvimento sustentado de longo-prazo, não esquecendo de prospeccionar investimentos de fundo para o concelho, sendo este “pormenor” talvez a maior falha do executivo comunista: A ausência de uma atitude pró-activa que vá à procura do desenvolvimento e não esperar que ele caia em cima da secretária.
Rui Viana

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

ADMITEM-SE políticos responsáveis (m/f)

Que o nosso país precisa de mais desenvolvimento, todos nós estamos fartos de ouvir e ler. Que é preciso mais investimento e mais emprego, também já nos cansámos de saber. Que é precisa mais e melhor politica social, idem, aspas, aspas. Mas quantas propostas válidas vimos serem apresentadas pela oposição? Vemos os lideres dos principais partidos da oposição a exigirem um policia em cada loja, ou a pedir a privatização da Segurança Social (que só beneficiaria as classes mais favorecidas, ou seja, quem menos precisa dela), ou a apoiarem de forma mais ou menos dissimulada as invasões e destruição da propriedade privada, ou ainda a reivindicarem, de forma mais ou menos provinciana, mais direitos e menos obrigações para a classe operária, esquecendo de forma grosseira (ou demagoga) que a relação patrão / empregado tem de ser frutuosa para ambas as partes, pois só assim se podem assegurar empregos sólidos e estáveis. Por tudo isto, se por um lado é preciso elevar a formação académica das populações, por outro deveríamos começar por exigir o aumento da ética e cidadania dos nossos políticos, e não podemos esquecer que somos todos nós que os aceitamos ou não, quando depositamos o nosso voto na urna eleitoral.
Rui Viana

O anonimato

Durante algum tempo pensei coisas que nem devo escrever sobre as pessoas que faziam comentários indecorosos sob anonimato, nos blogs. Obviamente que não podia “atirar pedras” quando eu próprio escrevia sob pseudónimo (embora nunca tenha escondido a todos os que me questionaram sobre a identidade do “Ao meu lado”).
Quando li no Jornal de Sesimbra a crónica de Raul Pinto Rodrigues, percebi que não me revejo na minha própria conduta. Assim, a partir de hoje, todos os posts são assinados com o meu nome de baptismo. Poderia começar um novo blog, mas porque sempre escrevi com respeito por todos, apesar de o fazer sob pseudónimo, continuarei sob o título “Ao meu lado”, mas como disse antes, com textos devidamente identificados. Uma vez mais, muito obrigado por continuar a ter-vos “Ao meu lado”.
Rui Viana

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

PURA ECONOMIA - Outro blog de João Aldeia

Apesar de tardiamente, não quis deixar de dar os parabéns ao nosso conterrâneo João Aldeia pela referencia na revista Exame ao seu blog sobre economia (que eu desconhecia a existência e que ainda não explorei devidamente). É sempre de louvar um blog pexito sobre esta matéria. A morada é a seguinte:
http://puraeconomia.blogspot.com

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Porque razão os nossos políticos trabalham mal?

Se do ponto de vista da minha acção política, a minha experiência ainda é curta, do ponto de vista da minha actividade profissional, há muitos anos que me relaciono com o tecido político, tendo essas minhas relações sido transversais a todo o espectro político nacional. Conheci homens e mulheres muito inteligentes, com muito valor quer intelectual, quer profissional e até com uma atitude ética acima da média, mas conheci também pessoas absolutamente oportunistas, de pouco valor ético, cultural ou profissional, mas com longas carreiras de fidelidade a partidos e/ou barões políticos para não lhes chamar outro nome menos simpático. Esta é a realidade do nosso Portugal Político.
Mas tentemos analisar o porquê desta verdade dificilmente contornável. Peguemos num exemplo prático, também aplicável a outras funções: Como chegar a ser um (mau) Presidente de Câmara. Um cidadão que tenha a pretensão de chegar a líder de um executivo camarário (tenha ele boas intenções políticas, ou apenas sentido de oportunismo) deve começar por se inscrever como militante de um partido, normalmente, na secção da sua residência. De seguida deve demonstrar muita vontade de trabalhar e servir os “senhores” dessa secção e concelhia, nunca discordar deles, e dizer amen a tudo o que esses disserem. Só assim será aceite entre iguais. Mais tarde, depois de muito esperar, e quando a maioria desses senhores estiverem com a “pantufas” calçadas, poderá aspirar a liderar a sua concelhia. Para isso, mais uma vez, não dirá aquilo que pensa, mas sim aquilo que agradará aos militantes activos que o rodeiam, pois só assim poderá contar com o apoio desses para poder formar uma lista que o possa levar à vitoria nessa concelhia. Chegada a hora de falar aos militantes anónimos e pouco activos, continuará a não poder dizer aquilo que pensa, mas sim aquilo que os militantes querem ouvir, afim de conquistar os seus preciosos votos internos no partido para que a liderança seja uma realidade. Há ainda aqueles que para se assegurarem que nada falha, uns meses antes inscrevem como militantes toda a família, vizinhos e conhecidos pagando as quotas pelos mesmos. Sempre são mais uns votos a favor.
Ganha a concelhia, chegará mais tarde a altura de escolher um candidato à Câmara Municipal (excluímos agora, a escolha dos outros lugares autárquicos). Começámos este exemplo por alguém com pretensões a Presidente de Câmara, logo o candidato está escolhido. As promessas feitas aos militantes para conquistar a concelhia mantêm-se válidas. Chegou a campanha eleitoral e também a altura de conquistar os munícipes anónimos e especialmente o eleitores flutuantes, pois os militantes, esses votarão sempre no “seu” partido. Uma vez mais, não poderá dizer aquilo que realmente pensa, mas sim aquilo que a população quer ouvir. E normalmente ganha aquele que conseguir mentir com mais convicção. Foi aquele que melhor chegou ao coração dos eleitores e é agora o novo Presidente da Câmara. Num rasgo de vontade de bem servir a comunidade, pensa formar uma equipa com profissionais de valor que o ajudem a levar a tarefa a bom porto. Mas rapidamente “o partido” o traz à realidade e o lembram que tem de dar lugares remunerados a todos aqueles que o ajudaram a chegar até ali. Então, em vez de acessores e secretárias com qualidade, terá de colocar a “malta” do partido. Aqueles que mobilizaram os militantes, que sempre disseram amen. Mas falta ainda colocar a sobrinha daquele velho militante e o namorado da filha daquela senhora que fez toda a família militante do partido. Bem, lá terá que abrir um concurso especial para colocar também estes. Chegada a hora de apresentar serviço, este não aparece, mas o resto da história já o leitor conhece, pois já deve ter visto esta história em algum local perto de si. Este exemplo aplica-se a qualquer partido sem excepção.